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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

25 de Novembro de 2012 - MILTON NASCIMENTO - 50 ANOS DE CARREIRA - Gravação do DVD no Vivo Rio

Eu não havia conseguido ingressos para o show do dia 6 de outubro que aconteceria no Vivo Rio, onde Milton Nascimento comemorando 50 anos de carreira gravaria um DVD com a participação de vários convidados especialíssimos.
No dia seguinte estava no facebook, babando nas lindas fotos da apresentação,  clicadas por Gabriela e Polianna, quando ambas me avisaram: "Vê se você não perde dessa vez. Vai fazer show extra no dia 25 de Novembro...".
Tratei logo de comprar rapidamente os ingressos para não perder essa nova chance. Também fiquei sabendo que a gravação acabou sendo adiada pra nova data.
Eu e minha família estávamos muito bem posicionados, numa mesa ao lado estava o ator Reginaldo Faria que veio prestigiar o filho Regis Faria, que de forma competente assina a direção do espetáculo.
Além das cinco décadas dedicadas a música, 2012 também celebra seus 70 anos de vida, e ainda os 45 anos da música que o consagrou, "Travessia", e 40 anos de um dos seus discos mais importantes: "Clube da Esquina".
Milton é dono de obra riquíssima que abre caminhos na música brasileira, e ainda faz conexão com a World Music, com o Rock Progressivo e com os Beatles. Ele se sai bem ao tentar fazer um setlist que seja representativo das décadas de belas canções e de excelentes serviços prestados a Música e a Arte.
Abrindo com "Cais", parceria com o poeta Ronaldo Bastos, Miton vai ao piano no fim da canção para executar seu célebre tema que é recorrente em outras de suas composições.
Os arranjos são novos mas não sofreram muitas modificações, só o suficiente para que os músicos possam solar e improvisar com razoável liberdade. Todos mostram técnicas requintadas dignas de mestres de Jazz, mas com execução forte e atitude típicas do Rock and Roll. É nessa posição entre as fusões e pontes de estilos diversos que Milton Nascimento sempre gostou de ficar.
Em "Vera Cruz", Bituca chama o primeiro convidado da noite, o seu amigo de infância e seu primeiro parceiro na música: o super músico, o pianista, maestro, o grande Wagner Tiso.
Os ouvintes atentos percebem mudanças sutis feitas em cada música apresentada. Por exemplo em "Canção do Sal", o cantor retrabalha a melodia a transforma em um tom recitativo.
Na sequência, entra em cena Lô Borges, um dos mais importantes compositores da Música Mineira, e um dos seus amigos mais queridos. Definitivamente, Lô está longe de ser um grande cantor, mas a força de suas canções que abrilhantaram os dois volumes do "Clube da Esquina", o colocam no patamar de Mestre da MPB. Ele divide os vocais com Milton na sublime "Clube da Esquina II", que carrega versos eternos como "...os sonhos não envelhecem". Depois Borges  tem seu primeiro momento solo em "Nuvem Cigana".
Já sem Lô, Milton homenageia sua falecida mãe adotiva, Lília Silva Campos, em tema instrumental vocalizado, "Lília", no momento mais Jazz da noite, aonde o baterista Lincoln Cheib  brilha intensamente.
Em "Anima" e "Lágrima do Sul", Nascimento mostra seu lado militante de luta contra o racismo e a segregação racial.
Beto Guedes é outro importante membro do Clube da Esquina. E ele é lembrado no hino "Amor de Índio" (outra com letra de Ronaldo Bastos), que foi o primeiro momento da noite que provocou lágrimas em muitos espectadores.
Outro momento de grande emoção foi "Morro Velho", uma das primeiras obras-primas de Milton Nascimento, que em sua letra  expõe as transformações nas relações humanas e sociais entre o filho do senhor e seu velho camarada. Durante a canção, a iluminação sofre alterações, com a luz variando de cor, passando do verde para o marrom, refletindo as mudanças narradas na letra da canção.
As animadas "Raça" e o hino "Maria, Maria" tocados em sequência acendem a platéia que explode em aplausos ritmados e em coros empolgados. A empolgação continua em "Nos Bailes da Vida", considerada o tema de todo músico brasileiro que rala e sempre tenta "...ir aonde o povo está".
Com Lô Borges de volta à cena, o show volta a celebrar a rapaziada da famosa esquina mineira. Em "Nada Será Como Antes" o desengonçado Lô puxa Milton pra dançar, na cena mais divertida da noite. Já em "Para Lennon & McCartney" é mais uma chance dos grandes músicos exibirem seu talento em ótimos solos de teclado, baixo e guitarra. Em seu segundo momento solo, o mais célebre dos irmãos Borges canta dois de seus clássicos eternos "Trem Azul" e "Um Girassol da Cor de seu Cabelo".
Milton vai para os teclados ao lado de Kiko Continentino para executar a linda e doída "Sofro Calado", que mesmo sendo curta, entra fundo na alma.
"Canções e Momentos", uma das centenas parcerias com o poeta Fernando Brant, encerra o show, totalmente calcado na emoção, com Lô Borges voltando ao palco para levar embora Milton, o guiando de mãos dadas.
Voltando para o Bis, Milton conta como foi surpreendido com o que "Canção da América" de transformou, já que ela é usada no Brasil como trilha sonora para os mais variados momentos: chegadas e despedidas de amigos, formaturas e homenagens das mais diversas. Então o cantor pede que dessa vez seja diferente, ele quer que a plateia cante pra ele a canção, enquanto Milton passa para o outro lado e vire espectador em seu próprio show. O pedido é acatado por todos e mais lágrimas caem no Vivo Rio.
Em "Coração de Estudante", Waner Tiso volta ao palco para junto do amigo executarem a música que se tornou o hino não oficial das Diretas Já.
"Travessia" serviu com um resumo da longa e linda estrada que Milton Nascimento traçou, colecionando amigos pelo mundo, e fazendo de sua arte um instrumento para exaltar a beleza da vida e dos sentimentos mais puros. Nesse seu primeiro sucesso, Milton soltou literalmente a voz, lembrando o vigor vocal dos áureos tempos, e mostrando totalmente recuperado dos problemas de saúde da década de 90. É o fruto da combinação do talento nato e da beleza do timbre, com a determinação e força de vontade, que somados com o eficiente trabalho e profissionalismo de seus fonoaudiólogos e preparadores vocais, que juntos obtêm o fabuloso resultado de brindar a todos com uma das vozes mais bonitas do mundo.
A própria Elis Regina, outra agraciada com uma voz divina, em certo momento definiu bem o som que Milton Nascimento emite de sua boca: "Se Deus cantasse ele cantaria com a voz de Milton".
O público ao fim do espetáculo ainda queria mais. Milton então volata ao palco, e brinca: "Eu sei que todo mundo está querendo ir embora, e que ninguém quer ouvir mais nada. Mas a produção mandou a gente repetir 3 músicas que não ficaram boa". Assim a galera ganhou de presente mais um pouco de Milton em "Amor de Índio", "Promessas do Sul"e "Canções e Momentos".

SETLIST:
1- Cais
2- Vera Cruz
3- Canção do Sal
4- Clube da Esquina II
5- Nuvem Cigana
6- Lilia
7- Anima
8- Lágrima do Sul
9- Amor de Índio
10- Promessas do Sul
11- Morro Velho
12- Raça
13- Maria, Maria
14- Nos Bailes da Vida
15- Nada Será Como Antes
16- Para Lennon & McCartney
17- Trem Azul
18- Um Girassol da Cor do Seu Cabelo
19- Sofro Calado
20- Canções e Momentos

Bis:
21- Canção da América
22- Coração de Estudante
23- Travessia

Bis 2:
24- Amor de Índio
25- Promessas do Sul
26- Canções e Momentos




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