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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

25 de Novembro de 2012 - MILTON NASCIMENTO - 50 ANOS DE CARREIRA - Gravação do DVD no Vivo Rio

Eu não havia conseguido ingressos para o show do dia 6 de outubro que aconteceria no Vivo Rio, onde Milton Nascimento comemorando 50 anos de carreira gravaria um DVD com a participação de vários convidados especialíssimos.
No dia seguinte estava no facebook, babando nas lindas fotos da apresentação,  clicadas por Gabriela e Polianna, quando ambas me avisaram: "Vê se você não perde dessa vez. Vai fazer show extra no dia 25 de Novembro...".
Tratei logo de comprar rapidamente os ingressos para não perder essa nova chance. Também fiquei sabendo que a gravação acabou sendo adiada pra nova data.
Eu e minha família estávamos muito bem posicionados, numa mesa ao lado estava o ator Reginaldo Faria que veio prestigiar o filho Regis Faria, que de forma competente assina a direção do espetáculo.
Além das cinco décadas dedicadas a música, 2012 também celebra seus 70 anos de vida, e ainda os 45 anos da música que o consagrou, "Travessia", e 40 anos de um dos seus discos mais importantes: "Clube da Esquina".
Milton é dono de obra riquíssima que abre caminhos na música brasileira, e ainda faz conexão com a World Music, com o Rock Progressivo e com os Beatles. Ele se sai bem ao tentar fazer um setlist que seja representativo das décadas de belas canções e de excelentes serviços prestados a Música e a Arte.
Abrindo com "Cais", parceria com o poeta Ronaldo Bastos, Miton vai ao piano no fim da canção para executar seu célebre tema que é recorrente em outras de suas composições.
Os arranjos são novos mas não sofreram muitas modificações, só o suficiente para que os músicos possam solar e improvisar com razoável liberdade. Todos mostram técnicas requintadas dignas de mestres de Jazz, mas com execução forte e atitude típicas do Rock and Roll. É nessa posição entre as fusões e pontes de estilos diversos que Milton Nascimento sempre gostou de ficar.
Em "Vera Cruz", Bituca chama o primeiro convidado da noite, o seu amigo de infância e seu primeiro parceiro na música: o super músico, o pianista, maestro, o grande Wagner Tiso.
Os ouvintes atentos percebem mudanças sutis feitas em cada música apresentada. Por exemplo em "Canção do Sal", o cantor retrabalha a melodia a transforma em um tom recitativo.
Na sequência, entra em cena Lô Borges, um dos mais importantes compositores da Música Mineira, e um dos seus amigos mais queridos. Definitivamente, Lô está longe de ser um grande cantor, mas a força de suas canções que abrilhantaram os dois volumes do "Clube da Esquina", o colocam no patamar de Mestre da MPB. Ele divide os vocais com Milton na sublime "Clube da Esquina II", que carrega versos eternos como "...os sonhos não envelhecem". Depois Borges  tem seu primeiro momento solo em "Nuvem Cigana".
Já sem Lô, Milton homenageia sua falecida mãe adotiva, Lília Silva Campos, em tema instrumental vocalizado, "Lília", no momento mais Jazz da noite, aonde o baterista Lincoln Cheib  brilha intensamente.
Em "Anima" e "Lágrima do Sul", Nascimento mostra seu lado militante de luta contra o racismo e a segregação racial.
Beto Guedes é outro importante membro do Clube da Esquina. E ele é lembrado no hino "Amor de Índio" (outra com letra de Ronaldo Bastos), que foi o primeiro momento da noite que provocou lágrimas em muitos espectadores.
Outro momento de grande emoção foi "Morro Velho", uma das primeiras obras-primas de Milton Nascimento, que em sua letra  expõe as transformações nas relações humanas e sociais entre o filho do senhor e seu velho camarada. Durante a canção, a iluminação sofre alterações, com a luz variando de cor, passando do verde para o marrom, refletindo as mudanças narradas na letra da canção.
As animadas "Raça" e o hino "Maria, Maria" tocados em sequência acendem a platéia que explode em aplausos ritmados e em coros empolgados. A empolgação continua em "Nos Bailes da Vida", considerada o tema de todo músico brasileiro que rala e sempre tenta "...ir aonde o povo está".
Com Lô Borges de volta à cena, o show volta a celebrar a rapaziada da famosa esquina mineira. Em "Nada Será Como Antes" o desengonçado Lô puxa Milton pra dançar, na cena mais divertida da noite. Já em "Para Lennon & McCartney" é mais uma chance dos grandes músicos exibirem seu talento em ótimos solos de teclado, baixo e guitarra. Em seu segundo momento solo, o mais célebre dos irmãos Borges canta dois de seus clássicos eternos "Trem Azul" e "Um Girassol da Cor de seu Cabelo".
Milton vai para os teclados ao lado de Kiko Continentino para executar a linda e doída "Sofro Calado", que mesmo sendo curta, entra fundo na alma.
"Canções e Momentos", uma das centenas parcerias com o poeta Fernando Brant, encerra o show, totalmente calcado na emoção, com Lô Borges voltando ao palco para levar embora Milton, o guiando de mãos dadas.
Voltando para o Bis, Milton conta como foi surpreendido com o que "Canção da América" de transformou, já que ela é usada no Brasil como trilha sonora para os mais variados momentos: chegadas e despedidas de amigos, formaturas e homenagens das mais diversas. Então o cantor pede que dessa vez seja diferente, ele quer que a plateia cante pra ele a canção, enquanto Milton passa para o outro lado e vire espectador em seu próprio show. O pedido é acatado por todos e mais lágrimas caem no Vivo Rio.
Em "Coração de Estudante", Waner Tiso volta ao palco para junto do amigo executarem a música que se tornou o hino não oficial das Diretas Já.
"Travessia" serviu com um resumo da longa e linda estrada que Milton Nascimento traçou, colecionando amigos pelo mundo, e fazendo de sua arte um instrumento para exaltar a beleza da vida e dos sentimentos mais puros. Nesse seu primeiro sucesso, Milton soltou literalmente a voz, lembrando o vigor vocal dos áureos tempos, e mostrando totalmente recuperado dos problemas de saúde da década de 90. É o fruto da combinação do talento nato e da beleza do timbre, com a determinação e força de vontade, que somados com o eficiente trabalho e profissionalismo de seus fonoaudiólogos e preparadores vocais, que juntos obtêm o fabuloso resultado de brindar a todos com uma das vozes mais bonitas do mundo.
A própria Elis Regina, outra agraciada com uma voz divina, em certo momento definiu bem o som que Milton Nascimento emite de sua boca: "Se Deus cantasse ele cantaria com a voz de Milton".
O público ao fim do espetáculo ainda queria mais. Milton então volata ao palco, e brinca: "Eu sei que todo mundo está querendo ir embora, e que ninguém quer ouvir mais nada. Mas a produção mandou a gente repetir 3 músicas que não ficaram boa". Assim a galera ganhou de presente mais um pouco de Milton em "Amor de Índio", "Promessas do Sul"e "Canções e Momentos".

SETLIST:
1- Cais
2- Vera Cruz
3- Canção do Sal
4- Clube da Esquina II
5- Nuvem Cigana
6- Lilia
7- Anima
8- Lágrima do Sul
9- Amor de Índio
10- Promessas do Sul
11- Morro Velho
12- Raça
13- Maria, Maria
14- Nos Bailes da Vida
15- Nada Será Como Antes
16- Para Lennon & McCartney
17- Trem Azul
18- Um Girassol da Cor do Seu Cabelo
19- Sofro Calado
20- Canções e Momentos

Bis:
21- Canção da América
22- Coração de Estudante
23- Travessia

Bis 2:
24- Amor de Índio
25- Promessas do Sul
26- Canções e Momentos




quinta-feira, 29 de novembro de 2012

24 de Novembro de 2012 - CAPITAL INICIAL na Fundição Progresso (RJ) - por Mellissa Martins

Enquanto eu estava no Vivo Rio assistindo ao show do Black Label Society, Mellissa Martins estava perto dali, na Lapa, esperando começar a apresentação do Capital Inicial. Sim, a Mell é fã de Dinho Ouro Preto e Cia.
Fazer o quê? Ninguém é perfeito.
Mais uma vez, Mellissa a nossa coloaboradora mais constante e importante escreve um post ao Blog. Dessa vez é a resenha do show do Capital Inicial na Fundição Progresso, na estréia carioca da nova turnê "Saturno".
Confira:

Sábado à noite. Lapa. Um show. E uma chuva torrencial caindo no Rio de Janeiro.
Uma das minhas bandas preferidas ia tocar num dos mais famosos palcos da cidade, a Fundição Progresso. Fiquei sabendo desse show no dia dos Titãs e fiquei logo empolgada! O Capital estava lançando seu mais novo trabalho, "Saturno" e eu não podia perder!!! Na semana seguinte adquiri meu ingresso, com o aval do Zé, que preferiu ver Black Label Society no Vivo Rio.
Sendo assim, Adriana e eu rumamos pra Fundição no dia 24/11, cheguei lá perto das 22hs, comi um sanduba e esperei a Dri chegar. Meia hora depois, lá estava ela. Demos um tempinho, bebemos uma cervejinha do lado de fora (que custa apenas a metade do preço e tem quase o dobro do tamanho da que vende no bar da Fundição, diga-se de passagem). Entramos e a Fundição tava meio vazia ainda um calor de matar! Compramos nossos tickets de bebidas e ficamos curtindo o som do DJ, só com Rock Nacional da melhor qualidade: Titãs, Barão, Paralamas, Biquini Cavadão, etc. Durante uma hora mais menos, fiquei analisando o público presente, que cada vez lotava mais a casa, não só composto de adolescentes e playboys como profetizou meu digníssimo, mas, sim, de jovens da minha idade em diante, destacando um com pinta de metaleiro, com barba e cabelos compridos que devia ter quase 50 anos, e era o mais empolgado de todos.
0:30 o Capital entra no palco com a nova "O bem e o mal" do disco "Saturno", já começando a aquecer os motores do show. Depois vieram "Depois da meia noite" e "A sua maneira", a partir daí, Dinho anunciou que ia tocar um clássico da banda, e o público foi a loucura! Veio "Fátima" uma das minhas preferidas, junto com "Música Urbana" que veio um pouco depois. Na empolgação, Dinho literalmente foi pra galera! Voltou pro palco e cantou "Eu vou estar", que ele não tocava há um tempão e eu adoro! Logo depois veio a bela "O fogo". Uma pequena pausa pra falar do disco e outra música bonitinha "O lado escuro da lua" (nome inspirado em "The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd). Após a balada, o grupo tocou "A Valsa do Inferno", em contraste a canção anterior, e chamas começaram a surgir no palco, ilustrando bem o nome da canção.
Mais dois clássicos "Música Urbana" e "Natasha", e, mais uma vez o Dinho foi pra galera! E eu, que não sou besta, comecei o show do lado direito do palco, e no momento que ele se jogou na platéia já estava praticamente colada no centro no palco. Lógico que eu peguei nele, bem no ombro e me arrependi, já que ele estava nojento de tão suado! rsrs. Voltando pro palco todo arranhado emendou a nova "Saquear Brasília" e "Mulher de Fases" do Raimundos e depois homenageando os 21 anos da morte de Freddie Mercury, tocando a introdução de "Bohemian Rhapsody" e "We Will Rock You". E assim encerrou a primeira parte do show.
Nesse momento a galera começou a cantar "Primeiros erros" que não estava no setlist, mas, a pedidos, eles tocaram e incendiaram a Fundição. Depois da música, Dinho falou como amava tocar no Rio de Janeiro e como a responsabilidade de estar naquele palco era grande. Sob os aplausos de uma Fundição LOTADA, o frontman parecia extasiado com a empolgação da galera, olhando o público e sendo ovacionado. E encerrou a apresentação com "Independência" deixando seu público em ponto de clímax com uma performance para deixar qualquer fã satisfeitíssimo. E nós ficamos.
Não mencionei antes que fiz amizade com uma mocinha muito simpática que veio do Paraná e foi completamente sozinha assistir ao show. Paramos num ORELHÃO, isso mesmo, ORELHÃO! Rimos e à beça e tiramos uma foto. Fomos lá pra fora comer alguma coisa, que depois de ter suado pra cacete por conta do calor, a fome bateu forte. Encontramos minha irmã Carolina e o namorado, deixamos a Nicolle no ponto e pegamos um taxi pra casa. Felizes, MUITO felizes!
Eu admito que o Dinho é um tanto afetado no palco, repetindo inúmeras vezes "DuCaralhoooooooo". Mas, dessa vez, não houveram "Ducaralhoooooos", vi um cara aparentemente mais amadurecido, em ótima forma física para seus 49 anos, contido e profissional. Lógico que pulando muito e fazendo estripulias, deixando nítido que estava ali por amar o que faz e por e amar seus fãs.

Setlist:
O Bem, O Mal
Depois da Meia Noite
À Sua Maneira
Apocalipse Agora
Fátima
Água e Vinho
Como Se Sente
Eu Vou Estar
Fogo
O Lado Escuro da Lua
A Valsa do Inferno
Música Urbana
Natasha
Saquear Brasília
Mulher de Fases

Bis:
Primeiros Erros
Quatro Vezes Você
Independência





terça-feira, 27 de novembro de 2012

LOBÃO - 50 ANOS A MIL - Por Mellissa Martins

Dessa vez ela não deu bobeira, e não deixou furo. Mellissa Martins escreveu a resenha do livro do mês. Depois de Eric Clapton, Ozzy Osbourne, Keith Richards e Paul McCartney, temos agora o polêmico e talentoso Lobão.
Fiquem espertos que a próxima resenha é sobre a biografia do Barão Vermelho.

LOBÃO - 50 ANOS A MIL
Autor: Lobão e Claudio Tognolli
Editora: Nova Fronteira
Ano de Lançamento: 2011
Páginas: Quase 600
Preço Médio: 59,90

Toda vez que eu falava pra alguém que estava lendo a autobiografia do Grande Lobo, todo mundo dizia a mesma coisa: Ele é doidão, né? A resposta é sim, ele é muito louco! Uma grande figura. Já estava há um tempão a fim de ler esse livro, o consegui na ocasião do nosso aniversário de namoro, quando o Zé, sabiamente, me deu de presente (quem leu a postagem dele sobre o show no início do ano pode ver meu comentário dizendo que tava doida pra ler a história desse cara). Foi uma leitura extremamente fácil, leve e divertida, no estilo do Ozzy, cheio de situações inusitadas e palavrões!
João Luiz Woerdenbag Filho ou, simplesmente, Lobão é garoto Zona Sul, nascido e criado, classe média, filho de um mecânico e uma professora de inglês. Cresceu numa família unida, formado pelos os pais, e por uma irmã, a quem ele se refere carinhosamente de "maninha". Seu apelido veio do colégio, por causa de sua 'magrelice', apetite voraz e o uso constante de macacão e botas.
Cantor, compositor, multi instrumentista, editor, escritor, começou a carreira musical com a bateria, seu instrumento de origem, na banda Vímana (foto acima), ao lado de Lulu Santos (demorei metade do livro para descobrir que o Lulu que ele se referia era o Lulu Santos... ) e Ritchie, aos 17 anos.
Acredite se quiser, mas ele não gosta de ser rotulado de roqueiro, disse que ele é um cantor de música popular e não se limita apenas ao roquenrou. Lobão foi autor de inúmeros sambas, sua parceria com a Elza Soares comprova isso, fez até parte da aclamada bateria da Mangueira! Por conta disso, foi vaiado no Rock in Rio II. Escalado para o dia do Metal levou uma saraivada de latas, copos e tudo que o público tinha em mãos porque segundo o próprio Lobão: "ninguém estava ali pra ouvir samba."
Foi preso por porte de drogas. E pensa que ele ficou intimidado? É muito ruim! Fez vários amigos na prisão, ficou popular entre os presos, virou o Xerifão da cela. Em entrevista para Fernanda Young, contou: "um dos chefes de tráfico me chamou para bater um papo. Ele me disse: ‘Escuta só, aqui na prisão só tem três tipos de pessoas: Tem preto, pobre e burro. Você se enquadra em qual?’. Respondi: ‘Yo soy negron’. Eu não era negão, mas eu era doidão, o que é quase a mesma coisa no sentido judicial do preconceito". Ninguém com os parafusos no lugar diria isso na prisão. Quando saiu por conta de um habeas corpus, três meses depois, gravou um disco inspirado nesse tempo, O Vida Bandida, uma dos melhores de sua carreira.
Até na política o cara se meteu, liderou a classe musical no Congresso para aprovação do Decreto de numeração dos discos, em vigor desde 22 de Abril de 2003. Uma vitória para os músicos, pois, segundo ele, as gravadoras divulgam muito menos discos vendidos do que a realidade.
Lobão é muito mais do que o cara do megahit "Me Chama", fez parcerias com muita gente importante, como Marina Lima, Cazuza, Beth Carvalho, fundou a Blitz, etc. Além de ser um intelectual, Lobão chegou para incomodar. Ame-o ou odeie-o, foi essa a conclusão que cheguei. Um cara cheio de opiniões sobre tudo, sem papas na língua, fala o que nem todo mundo tá a fim de ouvir. Indigesto, como definiu Maria Juçá, amiga e produtora. O grande lobo não poupa nada nem ninguém.

domingo, 25 de novembro de 2012

24 de Novembro - BLACK LABEL SOCIETY no VivoRio

 "Black o quê?" era a pergunta que eu escutava sempre que dizia o nome da banda que assistiria no sábado a noite. É impressionante como a banda de Zakk Wylde é pouco conhecida no Rio de Janeiro. Muita gente o conhece por seu aclamado trabalho acompanhando Ozzy Osbourne por anos, mas parece ignorar sua carreira paralela com as bandas Pride & Glory e Black Label Society.
Talvez por isso, o público no Vivo Rio tenha sido apenas razoável. Mas a galera presente era realmente apaixonada pela banda, e veio sedenta por Metal.
Com 30 minutos de atraso, as luzes se apagaram e ouviu-se "Also sprach Zarathustra" de Richard Strauss, Tema de "2011 - Uma Odisséia do Espaço", que serviu de introdução para a entrada de Zakk e sua banda. Saudados por gritos e urros, abriram a noite com “Godspeed Hellbound”.
O BLS fez um setlist diferenciado, com algumas canções que normalmente são pouco executadas ao vivo, mas a resposta do público foi muito boa, apesar da ausência de um dos maiores clássicos da banda, como "Fire it Up".
O som estava uma porrada na orelha, mas a voz grave de Zakk ficou embolada e abafada durante boa parte. Mas o baixo, as guitarras e principalmente a bateria estavam com o som tinindo, literalmente na pressão, exatamente como deve ser em todo show de Rock que se preze.
Wylde tem uma pegada animal cheia de feeling, com palhetada pesada, e velocidade assombrosa. Com seus harmônicos característicos e sua presença de palco, ele dominou a platéia, e exigia aplausos, palmas e gritos, que eram retribuidos com sua saudação, representada pelo braço erguido mostrando sempre uma latinha de cerveja, como se estivesse levantando um brinde aos fãs. Cada música era precedida por generosos goles.
O guitarrista Nick Catanese é membro fundador do BLS, e fiel escudeiro de Zakk, e tem um importante papel se ser escada, fazendo base e dando peso, facilitando o trabalho do "patrão", que tem espaço pra brilhar.
Pequeno no tamanho, o baixista John DeServio mostra grande segurança e técnica, e sempre mostrando um sorriso por trás da barba.
O destaque ficou com o baterista Jeff Fabb, recém integrado ao grupo para tocar na turnê. O cara é magricelo, mas senta a porrada na bateria. Sua pegada impressiona, principalmente em seu trabalho de bumbo duplo.
Outra coisa que me chamou bastante atenção foi a coleção de belas guitarras customizadas de Zakk. Era uma guitarra pra cada música: Flying V, Les Paul, Gibson de dois braços, e sua marca registrada: a tradicional Gibson “Bulls-eye” branca e preta, usada em “Bleed For Me.
Wylde também tocou teclado, dando uma parada na porradaria, trazendo um momento mais calmo. Primeiro ele fez um breve solo, e depois executou a balada “In This River”, dedicada ao falecido guitarrista Dimebag Darrell (Pantera), enquanto uma grande bandeira com sua imagem foi colocada sobre a parede de amplificadores Marshall. Zakk era muito próximo de Darrell, e cultivavam uma amizade e admiração mútuas.
Com uma hora e meia de pau dentro, o Black Label Society fez o encerramento com “Stillborn”. Sem frescura, sem Bis, sem pausa pra agüinha, sem puxasaquismo. É claro que não sairam se agradecer aos fãs, quando todos os integrantes foram para todos os lugares do palco, como forma de gratidão e respeito. Zakk Wylde antes de sair, foi ao centro, e ficou batendo com as duas mãos no peito, saudando a todos.
Como minha câmera deu pau, e não consegui fazer nenhuma foto decente, recorri ao google e achei essas excelentes feitas pela fotógrafa Patrícia Lima que ilustram a resenha.
SETLIST:
Godspeed Hell Bound
Destruction Overdrive
Bored to Tears
Berserkers
Bleed for Me
The Rose Petalled Garden
Piano Solo
In This River
Forever Down
Guitar Solo
Parade of the Dead
Overlord
The Blessed Hellride
Suicide Messiah
Concrete Jungle
Stillborn

terça-feira, 20 de novembro de 2012

CAVALERA CONSPIRACY no Circo Voador (15/11/2012) - Por Hugo Freitas

De quinta a oitava série (não sei qual o nome que se dá hoje em dia...), estudei no Colégio Impacto em Jacarepaguá. Meu irmão também estudava lá, e na turma dele conheci uma dupla que na época era muito pouco comum, pra não dizer exótica. Eram Fernando e Hugo, dois caras que só ouviam Heavy Metal. Eu sempre gostei de som pesado: Iron Maiden, Black Sabbath, Ozzy... Mas eles eram radicais, se não fosse Metal não prestava. Nas conversas que tínhamos pelo menos consegui fazer com eles passassem a respeitar os Beatles.
Quando saí do colégio, acabei perdendo o contato, e anos depois lembrei muito deles quando assisti pela primeira vez a Beavis & Butt-Head, que parecia inspirado em suas figuras.
Graças a dupla orkut/facebook, voltei a ter contato com Fernando e Hugo, que passada a adolescência, deixaram o radicalismo e hoje em dia curtem outros estilos, sem abandonar o sagrado Metal.
Foi pelo facebook que descobri que Hugo havia ido ao show do Cavalera Conspiracy no Circo Voador, que eu acabei não indo pelos motivos explicados na resenha da apresentação da Joss Stone que aconteceu no mesmo dia.
Tive a idéia de convidá-lo para escrever a resenha do show, já que ele é um especialista no assunto, e também escreve muito bem, até porque foi aluno do Arenildo...
Então aí está, o mais novo colabrador do Blog, que se junta ao seleto grupo formado por Mellissa Martins, Paulo Ricardo Batista, Daniel Leal e Maysa C.V.
Então vamos a resenha:

CAVALERA CONSPIRACY no Circo Voador (15/11/2012) - Por Hugo Freitas

Feriado. Dia da Proclamação da República (15 de novembro de 2012). Mais uma vez, o Circo Voador me espera. Já são 22 anos seguidos fazendo a mesma coisa, seguindo o mesmo caminho, fazendo o mesmo movimento, direcionando o corpo que capta a vibração do rock’n’roll. Sou movido pela música e a procissão não é casual. O Circo Voador faz parte da minha vida e sempre que tem um show maneiro me lembro disso...
 Mas nesse dia o meu encontro com o Circo e com a Música tinha um objetivo especial. Não era a data que era comemorativa, mas sim a apresentação da banda metaleira que pisaria naquele palco. No meu imaginário, isso seria impossível de acontecer, mas após a notícia de que teria o concerto do Cavalera Conspiracy (logo) no Circo Voador, me surpreendi. Já pensei comigo mesmo: “Lá vem o flashback”!
Pois é... Foi em 1990 que pisei pela primeira vez naquela lona sonora. Detalhe: o primeiro show que assisti lá foi justamente o show do Sepultura (com a formação original), lançamento do álbum “Beneath the Remains”! Vendo os irmãos Cavalera de volta ao palco do Circo Voador, botando pra quebrar como nos antigos tempos, misturando os clássicos do Sepultura com as músicas novas da banda atual... Não tem preço!
Era o famoso “eterno retorno do mesmo”. No começo do ano eu já tinha tido a experiência de reencontrar o Max Cavalera naquele palco: sua banda de groove metal, o Soulfly, já tinha tocado ali e o show foi duka... As coincidências não pararam por aí: em outubro (mês passado) o Ratos de Porão – banda que tinha tocado com o Sepultura naquele mítico show de 1990 no Circo – fez um show histórico lá mesmo, comemorando 30 anos de carreira. Mas os deuses do metal não deixariam parar a onda do meu flashback...
Nunca acreditei cegamente no retorno do “Sepultura original” após o afastamento dos irmãos Cavalera. Mas a banda de reunião dos irmãos, o Cavalera Conspiracy, era uma realidade que só faltava o “confere”. Pra mim, ficou ainda mais claro que as duas bandas estão em caminhos cada vez mais distintos, porém excelentes, como bandas de metal pesado. Não fico numa de fazer comparações, mas gosto da ideia de existirem dois “Sepulturas”. Continuo me amarrando no Sepultura atual e torcendo muito pelo retorno dos irmãos no Cavalera Conspiracy.
O show teve a abertura de uma banda nacional fantástica, de metal extremo: o Krisiun. Curti demais a apresentação dos gaúchos, que pra mim já valeria a pena se a banda principal não fosse o Cavalera Conspiracy! Mas quando entraram no palco do Circo Voador os irmãos Max (voz e guitarra) e Iggor (bateria) Cavalera, juntos do norte-americano Marc Rizzo (guitarra) e do mexicano Tony Campos (baixo), a onda do flashback bateu.
Me preparei todo pra esse show: consegui entrar de graça com nome na porta do Circo, comprei 2 latas de cerveja e 2 doses de whisky, reencontrei muitos amigos e, poucos minutos antes da apresentação do Cavalera, me ajeitei na arquibancada num lugar reservado onde fica o pessoal da mesa de som – trouxe comigo a Canon SX40 pra registrar TODOS os detalhes possíveis do concerto. Foram 16 petardos, sendo 8 composições recentes (dos álbuns “Inflikted” e “Blunt Force Trauma”) e 8 composições do antigo Sepultura (os “covers”). Tentei me conter, pois eu estava fazendo a gravação do show; mas na quarta música (“Refuse/Resist”), eu já tava chorando de emoção. Acontece...
A casa tava cheia e o público estava tão feliz quanto eu. A banda interagiu muito bem com a galera e o que não faltou foram as “rodinhas”. A porrada comeu solta no palco e no público. O repertório não foi muito diferente do que o Cavalera Conspiracy já estava fazendo em turnê, passando da América do Norte à América do Sul.
Posso ter sonhado ou ter vivido esse concerto, mas de qualquer maneira aquilo tudo tornou-se realidade! Tive a felicidade de fazer um registro completo, sendo muito mais valoroso pra mim. Obrigado, Max e Iggor, pelo metal desproporcional e único que vocês fazem e sempre fizeram!
Setlist:
1) Warlord
2) Torture
3) Inflikted
4) Refuse/Resist
5) Sanctuary
6) Terrorize
7) Territory
8) Killing Inside
9) Blunt Force Trauma
10) Black Ark
11) Arise/Dead Embryonic Cells
12) Troops of Doom
13) I Speak Hate
14) Attitude

Bis:
15) Inner Self
16) Roots Bloody Roots

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

18 de Novembro de 2012 - KISS na HSBC Arena (RJ)

Você pode não gostar da banda, mas é uma verdade absoluta que o Kiss faz um dos melhores shows da atualidade. Explosões, fogos de artifício, telões de alta definição, labaredas, somados ao clássico visual da banda com as maquiagens e os sapatos com salto plataforma, e principalmente ao repertório com vários petardos do bom e velho Rock and Roll.
A HSBC Arena recebeu bom público, cerca de nove mil pessoas, para a última apresentação no Brasil da turnê "Monster", recém lançado disco, que traz de volta a veterana banda, que completará 40 anos em 2013. E os velhinhos mostraram que estão botando pra fud...
A noite começou com o Viper, que desde julho se reuniu para comemorar os 25 anos de seu disco de estreia, "Soldiers of Sunrise" (veja a resenha do show que rolou dia 10 de Julho de 2012 - VIPER NO TEATRO RIVAL - RJ ). O pequeno público presente até então, chegou a gritar o nome da banda, mas infelizmente o som estava embolado e o vocal de André Matos ficou inaudível por vários momentos. A apresentação durou 30 minutos, e foi a penúltima do Viper, já que a banda deve se dissolver depois do show que está marcado para dezembro em São Paulo.
Fecharam com a versão rápida de "We Will Rock You" do Queen, que foi iniciada com a clássica batida. Quando André Matos pediu pra galera cantar, foi surpreendido com o o coro cheio de "ÔÔÔ's" de "I Love It Loud". André achou graça e elogiou: "Vocês realmente são muito criativos!".
 
Pouco antes das 21h, uma enorme bandeira com o logo do Kiss foi erguida na frente do palco, e as luzes se apagaram, o áudio sobe e começa a tocar “Won't get fooled again” do The Who. Depois mais um grande clássico, dessa vez do Led Zeppelin: "Rock and Roll"; ao fim da música ouviu-se o tradicional: “All right, Rio, you wanted the best... you got it! The hottest band in the world: KISS”. Então, a bandeira cai e duas plataformas descem do teto, uma com Gene Simmons (baixo e voz), Paul Stanley (guitarra e voz) e Tommy Thayer (guitarra), outra com Eric Singer (bateria), ao som do petardo "Detroit Rock City", e a galera vai literalmente a loucura. Enormes labaredas e explosões anunciam que a parada tinha mesmo ficado séria.
"Shout it Out Loud", veio na sequência com os fãs fazendo coro e batendo palmas e cabeças. "Calling Dr. Love", é mais uma da década de 70, que mostrou que Simmons continua com a garganta em dia, com sua voz grave e poderosa.
O palco é um absurdo! Formado por dois degraus gigantes, separados pela bateria que fica bem na frente do tradicional logo formado por luzes. Acima de tudo, uma tela gigante em alta definição. Os degraus são formados por pequenas telas, que mostram imagens independentes, ou podem formar um único painel.
A estrutura é semelhante ao da turnê "Kiss Alive/35 World Tour" que foi a última a passar pelo Brasil (leia a resenha de 8 de Abril de 2009 - SHOW DO KISS APOTEÓTICO); mas é claro que ganhou um upgrade, principalmente no que tange a iluminação, uma das mais bonitas que já vi. Não podiam faltar músicas do novo disco, e executaram apenas duas de "Monster": "Hell or Hallelujah" e "Wall of Sound", que foram tocadas em sequência e não fizeram feio ao lado das mais antigas e mais  conhecidas.
Depois de "Hotter than Hell", foi a vez de Simmons dar ao público uma das cenas mais aguardadas. Ele pega uma tocha e literalmente cospe fogo. Por mais que todo mundo saiba que isso vai rolar, não há quem não fique alucinado.
O coro que já tinha sido ensaiado com o Viper, veio forte e poderoso em "I Love It Loud", que virou febre no Brasil desde a primeira passagem da banda em 1983, no antológico show no Maracanã, que foi lembrado por Paul Stanley, quando este fez os primeiros agradecimentos da noite.
Stanley puxou o coro de "Tommy! Tommy!", para saudar o guitarrista Tommy Thayer que cantou "Outta This World", que foi sucedida por uma jam instrumental em parceria com o baterista Eric Singer, em um número em que cada um solava, como num duelo. Ambos foram erguidos em plataformas independentes, onde Thayer atirava fogos de artifício de sua guitarra, até que Singer acaba com a brincadeira, pegando uma bazuca e atirando um foguete que derrubou spots de luz. 
Depois dessa guerra encenada, Gene Simmons voltou a ser o centro das atenções, dessa vez carregando seu contra-baixo em forma de machado, cuspindo sangue e soltando notas distorcidas de seu instrumento, até que ele levanta voo (com o auxílio de cabos) e vai parar numa plataforma a mais de 10 metros acima do palco pra cantar "God Of Thunder". Veja na foto abaixo como era alto. O pessoal do Kiss não brinca em serviço.
A próxima é "Psycho Circus" de 1997, quando o Kiss resolve voltar a usar as maquiagens e sair em uma das turnês mais lucrativas da história da música. Na sequência, o riff pesadão de "War Machine" provocou um mar de mãos com os dedos em forma de chifres.
O sexagenário Paul Stanley também não dá bobeira. O melhor vocalista da banda, apesar da voz mostrar cansaço em alguns momentos, ainda possui grande alcance vocal, e não economizou nos agudos e nos famosos rebolados. E seu outro super poder é dar um voo rasante sobre a platéia. A proeza que não aconteceu no show da Apoteose em 2009 por causa da chuva, causou histeria, quando Stanley embarcou numa espécie de tirolesa que o levou até um palco auxiliar junto à arquibancada.
O povo de lá ficou alucinado por de surpresa ficar assim tão perto do ídolo. Do palquinho Paul cantou "Love Gun". Ao final, ele voltou para o palco principal onde ameaçou tocar "Stairway To Heaven", para depois puxar "Black Diamond", clássico do primeiro disco que foi muito bem cantada pelo batera Eric Singer.
Singer é um baterista muito técnico que tem na carreira passagens por Black Sabbath, Badlands, Alice Cooper, The Cult, Gary Moore e Avantasia. Nessa nova fase do Kiss, ele dá uma segurada e uma simplificada na forma de tocar. É aquela história de tocar pela banda e não pra si próprio. Mas mesmo assim sem as firulas, consegue-se perceber que trata-se de um grande músico.
Depois de 1h15m, o Kiss deixa o palco, para aquela cena manjada do Bis. A banda volta carregando a bandeira do Brasil, e Stanley dá uma provocada: "Viemos apenas dar boa noite. Amamos vocês, mas estão todos cansados. Não é mesmo? Podem ir para casa. Tocamos em São Paulo ontem, e eles foram incríveis. Vocês querem ser o número um? Então façam barulho, porra!". Não sei se Paul sabia, mas pegou num dos pontos fracos dos cariocas: a comparação com os paulistas. A reação inicial foi uma vaia, precedida por muito barulho, na tentativa de mostrar que no Rio de Janeiro também se curte Rock do bom.
O Bis veio triplo, iniciado por "Lick It Up", o maior hit da fase sem máscara. A seguinte foi "I Was Made for Lovin' You", a resposta do Kiss à onda Disco no fim dos Anos 70.
Pra encerrar o show/celebração/festa, o hino "Rock and Roll All Nite". Foi um êxtase, com chuvas de papel picado, disparos de canhões, lança-chamas e mais explosões.
Que culminaram com Paul Stanley atendendo a pedidos, e destruindo sua guitarra. Cada porrada com ela no chão era acompanhada de um estouro de uma bomba.
O show foi curto, podia ser maior, visto ao grande número de hits que ficaram de fora, com destaques para a balada "Forever" e o hino "God Gave Rock and Roll To You"(que chegou a ser tocada em playback após o término da apresentação). Apesar disso, mais uma vez fui testemunha de um show tecnicamente perfeito, com tudo que a tecnologia pode oferecer para transformar um show de Rock numa experiência única. Considerei a qualidade do som muito boa, pra mim que assisti da Pista.
Só que ao sair da Arena e encontrar amigos que estavam na Arquibancada Nível 3, ouvi o relato de que de lá de cima ouvia-se muito mal, tudo muito baixo e embolado; provavelmente por uma falha na distribuição do som, ou por alguma incompetência dos responsáveis pelo projeto e pela parte técnica.
Esses problemas não foram suficientes para tirar a empolgação e o entusiasmo dos presentes. Prova disso é o relato de minha amiga Marcela Robledo em sua página no facebook: "Como faz pra tentar dormir sem ficar lembrando cada segundo do show??? Que banda, que luz, que espetáculo, literalmente! O som estava uma bosta mas, mesmo assim, o show foi SENSACIONAL! Amei cada minuto!!!".
SETLIST VIPER:
1- Knights of Destruction
2- To Live Again
3- A Cry from the Edge
4- Living for the Night
5- Rebel Maniac
6- We Will Rock You

SETLIST KISS:
1- Detroit Rock City
2- Shout It Out Loud
3- Calling Dr. Love
4- Hell or Hallelujah
5-Wall of Sound
6- Hotter Than Hell
7- I Love It Loud
8- Outta This World
9- Bass Solo
10- God of Thunder
11- Psycho Circus
12- War Machine
13- Love Gun
14- Black Diamond

Bis:
15- Lick It Up (Incidental: "Won't Get Fooled Again")
16- I Was Made for Lovin' You
17- Rock and Roll All Nite

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

15 de Novembro de 2012 - JOSS STONE no Citibank Hall (RJ)

Ver Joss Stone ao vivo já não era mais novidade pra mim, afinal já estive presente em dois shows dela, sendo o último no Rock In Rio do ano passado. Ainda havia a concorrência no Circo Voador, onde os irmãos Cavalera se apresentariam juntos no mesmo dia. Como ainda estou em recuperação, acreditei que meu tornozelo ainda não estava preparado para um show de Metal; assim fui pro Citibank Hall pra conferir mais uma vez o talento e a beleza dessa inglesinha de voz poderosa.
Com meia hora de atraso, Joss abre com "For God Sake (Give More Power to the People)", um soul apimentado presente no seu novo álbum "The Soul Sessions Vol.2". Ao invés dos tradicionais vestidinhos, a cantora veio com um micro shortinho jeans, e exibindo muitos quilos a menos. Achei a magreza exagerada, Joss está com o corpo de uma top model de passarela. Gostava bem mais quando estava mais cheinha.
O sorriso cativante, a simpatia, os pés descalços, e o jeito fofo de lidar com a platéia continuam o mesmo. Sem contar sua voz, que me deixou arrepiado, e ainda me impressiona com sua potência vocal e afinação. Como bem definiu a Mell: "É difícil acreditar que aquela voz toda sai daquela menina".
E Joss é mesmo uma menina, com seus 25 anos, a Diva ainda tem muito a crescer. Por isso, na minha opinião, ela é a melhor cantora da sua geração, e não tem pra Adele, Beyonce ou Amy Whinehouse. Ela alia todos os predicados que uma excelente cantora precisa ter, e calca seu repertório na Soul Music, resgatando pérolas do passado, ou nos brindando com boas novidades.
Ao vivo, Joss é cheia de charme. Dança com desenvoltura, de forma livre. Não há preocupação com coreografias. Quando um dos seus músicos sola, a cantora se aproxima e dançando demosntra o quanto está curtindo.
A banda era bem afiada, e estava sempre modulando a intensidade e o volume pra sempre deixar como destaque a voz da estrela. Até porque era o que todos queriam apreciar. Os três cantores do backing vocals se comportavam como realmente deve ser, ou seja, como vocal de apoio, e não como salva-vidas nas partes mais complicadas, como acontece com algumas das "grandes estrelas" do showbusiness atual.

A todo momento, Joss se dirigia de forma doce aos seus fãs: "Vocês são apaixonantes! E estou sempre rodeada de paixão. Isso é soul music: é alma. Se não fosse assim, então seria apenas barulho. Entre um sorriso e uma goladinha em sua xícara de chá, ela mandava alguns de seus hits:  "You had me", "Super duper love", "Put Your Hands One Me" e  "Baby, baby, baby". Dos seus grandes sucessos faltou "Tell Me What We're Gonna Do Now".
Na última canção da noite, "Right to be wrong", Joss foi obrigada pela platéia a realizar uma modificação na parte da letra que diz "so just leave me alone" ('então me deixe sozinha'), passando para "don't you ever leave me alone" ('nunca me deixe sozinha'); já que ninguém é louco de abandoná-la, ou de deixá-la sozinha. Com certeza, estarei em seu próximo show em terras cariocas.
SETLIST:
1- For God Sake (Give More Power to the People)
2- While You're Out Looking For Sugar
3- Stoned Out Of My Mind
4- Teardrops
5-  Jet Lag
6- Sideway Shuffle
7- You Had Me
8- Super Duper Love
9- I Don't Want To Be With Nobody But You
10-  Karma
11- Big Ol Game
12- Don't Cha Wanna Ride/Bad Habit/ You Got The Love
13- Put Your Hands One Me/I Got a Feeling/Baby Baby Baby
14- Feel In Love With a Boy

Bis:
15- The High Road
16- Right to be Wrong

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

MUSE E ALICE IN CHAINS CONFIRMADOS NO ROCK IN RIO 2013

É... Por enquanto não tem do que reclamar. Depois de anunciados Metallica, Iron Maiden, Bruce Springsteen, Sepultura + Tambour du Bronx , Ivan Lins + George Benson e Ben Harper, a organização do Festival divulga mais duas ótimas atrações: Muse e Alice in Chains.
O Muse será a atração principal em uma das noites, ainda a ser divulgada. Já Alice in Chains se apresenta no dia 19, que já tem a confirmação do Metallica.
Alice in Chains é um dos quatro grandes nomes do Grunge, surgido em Seattle no começo dos anos 1990, e volta ao Rio depois de 20 anos, quando fizeram um excelente show no Hollywood Rock. Agora trazem o novo vocalista William DuVall, que entrou no lugar de Layne Staley, morto de overdose em 2003. A banda tocou no ano passado no SWU em São Paulo, e agora os cariocas também poderão conferir ao vivo à nova formação.
O trio britânico Muse é uma das melhores e mais bem sucedidas bandas da atualidade. Com uma mistura original de novas sonoridades com pitadas de Rock progressivo,fazem um show muito interessante que pude conferir ano passado em Buenos Aires, quando abriram para o U2. Só não sei se eles têm cacife para fechar uma das noites.
Por enquanto o Seu Medina está mandando bem. Vamos ver até quando. Já que tradicionalmente o Rock in Rio sempre vem com babas e lixos pop.

09 de Novembro de 2012 - LEONI NA LONA DE JACAREPAGUÁ

Falar mal de Leoni é uma tarefa muito difícil. O cara é boa pinta, é afinado, manda bem no violão, simpático, articulado, atencioso com seus fãs, e no show consegue, com bom humor, se sair bem de situações constrangedoras como invasões de palco por admiradores de ambos os sexos.
Ele também tem o mérito de ter sido um grande  hitmaker em todas as fases da carreira, no Kid Abelha, Heróis da Resistência e nos projetos solos; sem contar as parcerias que viraram sucessos para Cazuza, Barão Vermelho, entre outros.
Por falar em parcerias, esse é justamente o nome do seu mais novo CD que é vendido apenas nos shows, pelo simbólico valor de dez reais. Ele ainda avisa, que todas as músicas podem ser baixadas de graça em seu site.
Leoni é um dos precursores na utilização da internet na divulgação de seu trabalho, e ainda usa essa ferramenta para fazer contatos e estreitar a relação com aqueles que admiram o seu trabalho. Dessa forma seu público vai sempre aumentando, e se renovando, como pude conferir nesse show na Lona Cultural Jacob do Bandolim em Jacarepaguá.
A banda é a mesma do show que assisti em 2009, naquele mesmo palco: formada pelo guitarista Gustavo Corsi (ex-Picassos Falsos), Lourenço na bateria e Andrea Spada no contra-baixo acústico.
Leoni entra sozinho no palco e começa a tocar seu violão em uma afinação que permite acordes num clima oriental, até que os outros músicos o acompanham em "Pra te Deixar Viver", composta com Paulinho Moska, e presente no seu novo álbum. O clima é certamente inspirada em "Kashmir" do Led Zeppelin", e até róla um trechinho dela, mas só os fortes reconheceram...
Outra do CD "Parcerias" foi "Nas Margens de Mim", feita com os músicos do Teatro Mágico, e onde Leoni troca o violão pelo ukelele.
Seus fãs são super antenados, e cantam praticamente todas. O repertório é quase 100% de sucessos, mas além das novas já citadas, são executados também lados B como "Uniformes" (Kid Abelha) e "O Que Eu Sempre Quis" (Heróis da Resistência) .
Com arranjos enxutos os hits fizeram a lona tremer. As do Kid causam mais alvoroço: "Fórmula do Amor", "Educação Sentimental 2", "Alice (Não Escreva Aquela Carta de Amor)" e a singela "Os Outros"), fizeram muita gente voltar no tempo.
Mas sua carreira solo também possui boas canções, como "As Cartas Que Eu Não Mando" e a belíssima e triste "50 Receitas" (outra parceria com Frejat).
O Bis veio quádruplo, e se encerrou com "Por que Não Eu?". Numa noite em que todo mundo se divertiu, principalmente o dono da festa, que ainda convidou a todos para o camarim.
SETLIST:
1- Pra te Deixar Viver
2- Soneto do Teu Corpo
3- As Cartas Que Eu Não Mando
4- A Chave da Porta da Frente
5- Double de Corpo
6- Falando de Amor
7- Nosferatu
8- Os Outros
9- O Que Eu Sempre Quis
10- 50 Receitas
11- Temporada das Flores
12- Lado Z
13- Garotos II
14- Melhor Pra Mim
15- Nas Margens de Mim
16- Muita Calma Nessa Hora
17- Um Herói Que Mata
18- A Fórmula do Amor
19- Canção da Despedida - Incidental: Two Princes
20- Educação Sentimental
21- Alice (Não Escreva Aquela Carta de Amor)
22- Exagerado

Bis:
23- Só pro Meu Prazer
24- Como Eu Quero
25- Uniformes
26- Por que Não Eu?