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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

18 de Outubro de 2012 - ROBERT PLANT no HSBC Arena (RJ)

Quem visita o Blog, mesmo que rapidamente, percebe que sou um fã ardoroso do Led Zeppelin. Robert Plant sempre foi um dos meus heróis. Sempre o considerei o protótipo do vocalista de Rock: lindo timbre, alcance invejável, presença de palco, afinação perfeita e muita emoção no cantar.
Tive a oportunidade de vê-lo ao vivo duas vezes. A primeira em 1994, no Hollywood Rock, na Praça da Apoteose, com Plant já mandando "Babe I'm Gonna Leave You" na abertura, e sendo acompanhado por grandes músicos, como o saudoso baterista Michael Lee.
Dois anos depois, a emoção foi maior ainda, pois a nova edição do mesmo festival trouxe Plant ao lado de Jimmy Page num show que é até hoje um dos melhores que vi na vida.
Gostei do seu mais recente CD "Band Of Joy", onde mergulha fundo em suas raízes musicais, e no som que serviu de inspiração para o próprio Led Zeppelin, que bebeu da fonte do Blues de Mississipi e Chicago, no Folk e na música Celta.
Só que não consegui entrar na onda que Plant mostra em seu DVD mais recente, lançado esse ano. Principalmente nos novos arranjos criados para os clássicos do Zeppelin.
Não sou o tipo de fã xiita que acha que é proibido mexer no formato original de músicas tão sagradas. Prova disso é que fiquei chapado ao assistir nas areias de Ipanema, pela primeira vez ao video do especial da MTV batizado de "No Quarter / Unleded", onde Plant e Page reformularam várias canções de sua antiga banda, mudando completamente a cara de "Nobody's Fault but Mine" e da faixa título. Inclusive achei as versões para "Gallows Pole" e "Kashmir" melhores que as originais.  Assim como nessa turnê, foram agregados novas informações da chamada "Música do Terceiro Mundo", no caso do projeto de 1994, participaram músicos do Egito e Marrocos.
Mas ao contrário de "No Quarter / Unleded", as releituras tem o arranjo fraco, e acabam empobrecendo as canções, e as comparações se tornam inevitáveis. Veja por exemplo como ficou "Black Dog", e entenda o que estou querendo dizer:

Mesmo com tudo isso, não quis perder a chance de estar novamente diante do Mestre, afinal já faz mais de 16 anos da última vez, e só Deus sabe quando terei outra. E assim fiz questão de comprar ingresso para o setor mais perto do palco.
Chegamos relativamente cedo à HSBC Arena, e ficamos junto ao gargarejo. O palco já estava montado, e em seu pano de fundo havia a estampa do rosto de Plant nos seu áureos tempos.
Ao começar a apresentação, vi um senhor de barba branca que tenta desafiar o tempo, com suas artimanhas e seu talento. Seus cachinhos que já não são tão dourados como antes, mas a presença de palco, os trejeitos e a forma de se movimentar ainda são os mesmos. O timbre continua inabalado, a voz está firme, e de forma prudente ele não arrisca mais aqueles agudos.
Plant abriu a noite com "Fixing to die", de Bukka White, um blues tocado meio que de forma preguiçosa e com uma certa falta de pegada. A mesma sensação senti em outro Blues, "44" (de Howling Wolf) e no decorrer de todo show.
Quem deu grande contribuição pra isso foi o burocrático baterista, que parecia manter a mesma levada durante o show inteiro. Usou pouco a caixa, e se portava mais como um percussionista. Não entendo como Plant, acostumaso a ter Bonham, e feras como Phil Collins, Michael Lee e Cozy Powell, escolhe para sua banda, um baterista desses, sem pegada nenhuma.
O guitarrista Justin Adams também possui uma grande parcela de culpa. Figuraça, ele pula, faz pose, mas o esquisitão toca de forma tosca. Desculpe o termo depreciativo, mas não vou com a cara do sujeito desde que assisti ao DVD "Rober Plant & The Strange Sensati". Ele se sai melhor no bandolim e numa espécie de pandeiro gigante.
Nessa história livro apenas a cara de Liam "Skin" Tyson, o segundo guitarrista que também tocou banjo e violão.

O primeiro número do Led Zeppelin foi "Friends", que fez a galera vibrar, com uma interpretação muito próxima do original, exceto pela já comentada "falta de pegada", que foi ainda mais sentida em "Ramble On".
Grande referência para Page, Plant, Jones & Bonham, o mestre do blues Howling Wolf, chegou a ter seu riff "chupado" na criação da matadora "Whole Lotta Love"; assim não foi de se estranhar que o bluseiro tivesse outras de suas composições no setlist: o clássico "Spoonful"; que contou com a participação do músico africano Judeh Camara, cantando e tocando o rititi, uma espécie de violino rudimentar. 
O lance seria bem legal, o problema que a participação de Judeh se extendeu por boa parte do show, como na desfiguração de "Black Dog".

Voltando ao Blues, Plant também homenageou John Mayall com "I'm your witchdoctor", para em seguida mandar um medley que continha "Whole Lotta Love", quase irreconhecível, que passou despercebida pra muita gente.
No Bis, não consegui segurar as lágrimas ne belíssima "Going to California". Mais duas do Led, "Gallows Pole" e "Rock and Roll" fizeram todo mundo pular, e Robert Plant mostrou que mesmo sexagenário ainda tira muita onda.
Não posso dizer que saí de lá decepcionado ou frustrado. Mas não consegui compartilhar da empolgação da maioria dos presentes, como meu amigo Lula Zeppeliano (responsável pelas melhores fotos deste post) que estava extasiado.
Como escrevi no começo da resenha, não consegui entrar nessa nova onda do Plant. Ou então, vai ver que sou um chato mesmo.
1. Fixing to Die
02. Tin Pan Valley
03. 44
04. Friends
05. Spoonful
06. Somebody Knocking
07. Black Dog
08. Bron-Y-Aur Stomp
09. Enchanter
10. Another Tribe
11. Ramble On
12. I'm Your Witchdoctor 
13. Who Do You Love / Whole Lotta Love / Steal Away / Bury My Body

 BIS:
14. Going to California
15. Gallows Pole
16. Rock and Roll

2 comentários:

  1. Fui a 1996 e agora, e lhe digo a idade pesa, mesmo para o mais bem preparado! Se vc tem o último DVD do Plant & Band of the Joy deve ter escutado nos extras que o próprio se encontra mais intimista. Eu mesmo com 48 "já não faço mais as coisas que fazia" o que dirá um de 64. A idade vai chegando e a maioria não quer mais tumulto e menos é mais. Assim é com ele e ao contrário são os dois do Stones onde mais é mais mesmo. E o vazio destes cresce a cada dia! JC o show foi ótimo. Mas o bis ou o agora chamado "encore" nos mostrou que A Lenda apesar de Pesada ainda Flutua! Plant está a procura de sua própria essência e vai de encontro sim com a essência musical, que assim como a humana, passa pela Africa! Abraços amigo, Carlos

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    Respostas
    1. Carlos,
      concordo com tudo que vc escreveu, até porque foi basicamente o que eu disse na resenha.
      O show foi bom, mas ficou longe de ser inesquecível, mesmo pra mim q sou muito fã.
      Abração

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